O Blog da Isaurinha

«Arriscar-se é perder o pé por algum tempo. Não se arriscar é perder a vida» S. Kierkegaard

quinta-feira, junho 18, 2009

Por que é que as mulheres demoram tanto tempo quando vão à casa de banho?

O grande segredo de todas as mulheres a respeito da casa de banho é que, quando eras pequenina, a tua mamã levava-te à casa de banho, ensinava-te a limpar o tampo da sanita com papel higiénico e depois punha tiras de papel cuidadosamente no perímetro da sanita Finalmente instruía-te: "nunca, nunca te sentes numa casa de banho pública!" E depois ensinava-te a "posição", que consiste em balançar-te sobre a sanita numa posição de sentar-se sem que o teu corpo tenha contacto com o tampo. "A Posição" é uma das primeiras lições de vida de uma menina, importante e necessária, que nos acompanha para o resto da vida. Mas ainda hoje, nos nossos anos de maioridade, "a posição" é dolorosamente difícil de manter, sobretudo quando a tua bexiga está quase a rebentar. Quando *TENS* de ir a uma casa de banho pública, encontras uma fila enorme de mulheres que até parece que o Brad Pitt está lá dentro. Por isso, resignas-te a esperar, sorrindo amavelmente para as outras mulheres que também cruzam as pernas e os braços, discretamente, na posição oficial de “tou aqui tou-me a mijar!”. Finalmente é a tua vez! E chega a típica "mãe com a menina que não aguenta mais” (a minha filhota já não aguenta mais, desculpe, vou passar à frente, que pena!). Então verificas por baixo de cada cubículo para ver se não há pernas. Estão todos ocupados. Finalmente, abre-se um e lanças-te lá para dentro, quase derrubando a pessoa que ainda está a sair. Entras e vês que a fechadura está estragada (está sempre!); não importa… Penduras a mala no gancho que há na porta… QUAAAAAL? Nunca há gancho! Inspeccionas a zona, o chão está cheio de líquidos indefinidos e fétidos, e não te atreves a pousá-la lá, por isso penduras a mala no pescoço enquanto vês como balança debaixo de ti, sem contar que a alça te desarticula o pescoço, porque a mala está cheia de coisinhas que foste metendo lá para dentro, durante 5 meses seguidos, e a maioria das quais não usas, mas que tens no caso de… Mas, voltando à porta… como não tinha fechadura, a única opção é segurá-la com uma mão, enquanto com a outra baixas as calças num instante e pões-te “na posição”… AAAAHHHHHH… finalmente, que alívio… mas é aí que as tuas coxas começam a tremer… porque nisto tudo já estás suspensa no ar há dois minutos, com as pernas flexionadas, as cuecas a cortarem-te a circulação das coxas, um braço estendido a fazer força na porta e uma mala de 5 quilos a cortar-te o pescoço! Gostarias de te sentar, mas não tiveste tempo para limpar a sanita nem a tapaste com papel; interiormente achas que não iria acontecer nada, mas a voz da tua mãe faz eco na tua cabeça “nunca te sentes numa sanita pública”, e então ficas na “posição de aguiazinha”, com as pernas a tremer… e por uma falha no cálculo de distâncias, um finííííssimo fio do jacto salpica-te e> molha-te até às meias!! Com sorte não molhas os sapatos… é que adoptar “a posição” requer uma grande concentração e perícia. Para distanciar a tua mente dessa desgraça, procuras o rolo de papel higiénico, maaaaaaaaaaas não hááááá!!! O suporte está vazio!Então rezas aos céus para que, entre os 5 quilos de bugigangas que tens na mala, pendurada ao pescoço, haja um miserável lenço de papel… mas para> procurar na tua mala tens de soltar a porta… ???? Duvidas um momento, mas não tens outro remédio. E quando soltas a porta, alguém a empurra, dá-te uma trolitada na cabeça que te deixa meio desorientada mas rapidamente tens de travá-la com um movimento rápido e brusco enquanto gritas OCUPAAAAAADOOOOOOOOO!! E assim toda a gente que está à espera ouve a tua mensagem e já podes soltar a porta sem medo, ninguém vai tentar abri-la de novo (nisso as mulheres têm muito respeito umas pelas outras). Encontras o lenço de papel!! Está todo enrugado, tipo um rolinho, mas não importa, fazes tudo para esticá-lo; finalmente consegues e limpas-te. Mas o lenço está tão velho e usado que já não absorve e molhas a mão toda; ou seja, valeu-te de muito o esforço de desenrugar o maldito lenço só com uma mão. Ouves algures a voz de outra velha nas mesmas circunstâncias que tu “alguém tem um pedacinho de papel a mais?” Parva! Idiota! Sem contar com o galo da marrada da porta, o linchamento da alça da mala, o suor que te corre pela testa, a mão a escorrer, a lembrança da tua mãe que estaria envergonhadíssima se te visse assim… porque ela nunca tocou numa sanita pública, porque, francamente, tu não sabes que doenças podes apanhar> ali, que até podes ficar grávida (lembram-se??)…. Estás exausta! Quando páras já não sentes as pernas, arranjas-te rapidíssimo e puxas o autoclismo a fazer malabarismos com um pé, muito importante! Depois lá vais pró lavatório. Está tudo cheio de agua (ou xixi? lembras-te do lenço de papel…), então não podes soltar a mala nem durante um segundo, pendura-la no teu ombro; não sabes como é que funciona a torneira com os sensores automáticos, então tocas até te sair um jactozito de água fresca, e consegues sabão, lavas-te numa posição do corcunda de Notre Dame para a mala não resvalar e ficar debaixo da água. Nem sequer usas o secador, é uma porcaria inútil, pelo que no fim secas as mãos nas tuas calças – porque não vais gastar um lenço de papel para isso - e sais… Nesse momento vês o teu namorado, ou marido, que entrou e saiu da casa de banho dos homens e ainda teve tempo para ler um livro de Jorge Luís Borges enquanto te esperava. “Mas por que é que demoraste tanto?” - pergunta-te o idiota. “Havia uma fila enorme” - limitas-te a dizer. E é esta a razão pela qual as mulheres vão em grupo à casa de banho, por solidariedade: uma segura-te na mala e no casaco, a outra na porta e a outra passa-te o lenço de papel debaixo da porta, e assim é muito mais fácil e> rápido, pois só tens de te concentrar em manter “a posição” e *a dignidade*. *Obrigada a todas por me terem acompanhado alguma vez à casa de banho e servir de cabide ou de agarra-portas! Passa isto aos desgraçados dos homens que sempre perguntam “querida, por que motivo demoraste tanto tempo na casa de banho?” …. IDIOTAS!

1 Comentários:

  • Às 1:52 da tarde , Blogger Vamos-Andando disse...

    Prova que as mulheres não se adaptaram à civilização urbana ou a civilização não contou com elas?
    Lembro-me da minha avó que sempre viveu num meio rural,menos civilizado, nunca teve esses problemas. Hoje mesmo, vivo num meio, africano, onde a civilização ainda está a fazer a sua caminhada rumo à desumanização,as mulheres não têm problemas desses.Qualquer cantinho serve para resolver o assunto com ou sem mala, com ou sem papel.Como foi possível viver tantos seculos sem casas de banho públicas!

     

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