O Blog da Isaurinha

«Arriscar-se é perder o pé por algum tempo. Não se arriscar é perder a vida» S. Kierkegaard

sábado, maio 17, 2008

Distância


Embora todos saibam, uns apenas porque parece evidente, outros porque para além do que lhes poderia ou não parecer, a vida se encarregou de lhes mostrar, a distância, física e temporal, ajuda a clarificar muitos pensamentos, sentimentos...
Estou no grupo das que sempre acreditou que a distância dos acontecimentos lhes dá um valor diferente. Que a presença de algumas pessoas pode passar rapidamente de insuportável a desejável. Mas além do que penso vivo-o!

Há umas semanas que estou fora do país. A fazer um estágio que, queira Deus, me vá servir de alguma coisa profissionalmente, senão os custos pessoais, demasiado pesados, serão praticamente inultrapassáveis.
Com algum tempo para estudar, é praticamente impossível.
Com tempo para passear, para compras, fiquei sem vontade.
Com tempo para escrecer, ler, actualizar bases de dados, quase tudo fica por acabar.
Com tempo para dormir, a insónia teima em ficar...e a agravar-se progressivamente...
E, com aparentemente tanto tempo, e no meio da loucura que se abeirou de mim, sinto que acabo por me conhecer melhor ou reconhecer a outra eu que nasceu em mim.
O que pensava outrora, e de forma recorrente, ser necessário, hoje opto por rejeitar. As fugas solitárias tantas vezes planeadas...
A aparente liberdade que vivo, mas que a solidão me impede porque as amarras estão bem presas num porto longínquo, esta liberdade torna-se claustrofobizante...
O tempo - "o tempo não existe, o tempo é nossa invenção" (JP), reveste-se de uma cada vez maior relativização .
1 dia, 1 semana, 1 mês? Todos têm o mesmo nº de minutos: matematicamente ='s.
Todavia o nosso cérebro não funciona com base em equações e o tempo passa a ser uma variável dependente de inúmeras variantes, impossíveis de traduzir matemáticamente. O lugar, a companhia, o clima....
Se em casa uma semana parece voar, aqui, um dia dura uma eternidade....
No fundo, nestes dois meses aprendi algumas coisas "rádicas" mas, sobretudo, experienciei uma série de sentimentos que, se não tivesse vindo, dificilmente conheceria.
(Estou a fazer um esforço enorme para ver o lado "positivo"...e este período serviu sobretudo para crescer interiormente.)
Há discussões que se têm que adquirem dimensões gigantescas e que, lado a lado, acabariam pouco tempo depois do seu inicio. Dizem-se coisas que ofendem profundamente e "as pazes" fazem-se porque o Amor é imensurável e não conseguimos viver zangados, tristes. Tudo tem um peso e uma medida que parecem ser diferentes. Não sei explicar, apenas sinto.
Volto para "casa" não como saí. O que era já dado adquirido é actualmente intocável. A família vem SEMPRE em 1º lugar. Não há trabalho algum que nos possa desviar deste caminho. Quem põe a profissão em 1º, mais tarde ou mais cedo, arrepender-se-à, mesmo que inconscientemente. Não sonho "mudar o mundo", mas vou tornar o meu mundo diferente...Direi a cada pessoa o que sinto por ela, porque todos nós gostamos de nos sentir amados, admirados, queridos por alguém, E, tantas vezes não basta o conhecimento desse sentimento, quantas vezes já não desejámos que nos dissessem o que sentem por nós? Múltiplas certamente, e noutras tentámos sempre desviar o pensamento que surgia para não sofrermos mais.
Chega de elogios pós-mortem, de adiar tudo o que gostaríamos de fazer para amanhã! Vamos elogiar-nos, amar-nos, divertirmo-nos e, também, trabalharmos, juntos!!! Vou tentar, apesar do quão difícil ser, estar cada vez mais com os meus amigos, os de há anos, os de ontem, os de hoje e aqueles poderão vir a ser amanhã.
É isso que me vai fazer feliz e uma pessoa melhor.
Claro que tenho de estudar e trabalhar que nem uma doida, mas relativizar tudo. Espero conseguir, pelo menos um bocadinho....

Lel, pedes-me para voltar.
- Vou,
PARA SEMPRE!

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